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O SOM QUE O SILÊNCIO ESCONDE
Camila Elis e Fernanda Valadares 

Curadoria 
Henrique Menezes


Abertura 
21 de maio a 30 de junho de 2022


Galeria Mamute/Porto Alegre
 

O SOM QUE O SILÊNCIO ESCONDE

“O som que o silêncio esconde”apresenta um diálogo entre duas artistas representadas  Camila Elis e Fernanda Valadares. Camila, representante da nova geração de artistas gaúchas, estudou na University of the Arts London e atualmente é mestranda em Artes Visuais pela USP. Através da pintura a óleo, pesquisa sistemas de interação entre objetos, pessoas, ambientes e sensações abstratas. Fernanda Valadares, paulista, Mestre em Artes Visuais pela UFRGS, dedica-se à prática artística há quase duas décadas, investigando por meio da técnica milenar da encáustica os espaços percorridos e as temporalidades.

Conjugar as obras de Camila Elis e Fernanda Valadares em uma única exposição poderia conduzir – por uma análise primeva, assentada na superfície do que se vê – à reflexão sobre as técnicas ensaiadas pelas duas artistas. Seria suficientemente rico descrever os pigmentos e as veladuras, o traço e as pinceladas, perpassar cada fatura e as tantas camadas sedimentadas na epiderme da obra. Apesar de evidenciar a qualidade dos processos, contudo, não daríamos conta do que considero o êxito desse diálogo: a vibração, a harmonia e o tom da exposição.
Não é à toa que esses três termos tenham reverberações também no campo da música. Em suas conferências e escritos, o compositor experimental John Cage costumava narrar um episódio ao mesmo tempo físico e poético: certa vez, ao entrar em uma câmara que simulava o absoluto silêncio, Cage percebeu ecos de um som grave e de um agudo.

Ao questionar um engenheiro de Harvard sobre suas sensações, foi prontamente surpreendido pela resposta: o agudo era seu sistema nervoso funcionando; o grave, seu sangue circulando. O corpo esconde o som, sendo necessário um exercício de suspender todos os outros sentidos para revelar seus tons através da percepção atenta. Recorrer à ambiguidade da palavra tom nos revela um índice que aproxima a audição e a visão: remete igualmente à inflexão da voz e à intensidade dos instrumentos, mas também denota as qualidades da cor em suas diversas gradações, matizes e nuances.

Camila e Fernanda situam-se na fronteira entre a liberação emocional e o limite da disposição racional. No quase silêncio de uma base alva, Camila Elis compõe obras com acordes da psicanálise e da mitologia, nas quais pintura e desenho embaralhamse com traços imprecisos, ladeados com frequência por um vermelho intenso: um possível alerta de que sua produção se distancia de um apelo dócil, inerte ou lentamente ritmado. Em justo equilíbrio, os horizontes e geometrias de Fernanda Valadares, construídos pela alquimia entre pigmentos e cera de abelha, acrescentam unidade não apenas pelas coincidências na paleta de cores, mas também pela demarcação orgânica que mais sugere do que esclarece, entre formas e texturas, entre construções líricas da paisagem e da psique.

Ressaltar a harmonia formal que aproxima as duas artistas não significa apaziguar suas distinções: a obra que encerra o percurso – uma densa e soturna encáustica de Valadares – porta-se como um clímax, reverberando a grande tela de Elis que impõese suspensa: essas obras lembram-nos que a palavra tom ainda pode significar vigor, força e tensão.

Henrique Menezes Curador da mostra
O som que o silêncio esconde

O som que o silêncio esconde

O som que o silêncio esconde

O som que o silêncio esconde

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Camila Elis

Fernanda Valadares

Fernanda Valadares

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